terça-feira, 22 de abril de 2014

2ª edição


Porque um livro, quando sai da mão do autor, passa a ser de quem lhe pegar e o levar ... OBRIGADO a todos ... porque ... ela aí está: 
2ª EDIÇÃO.

domingo, 30 de dezembro de 2012

barnes & noble





Em NY, nas minhas deambulações pedestres, entrar na Barnes&Noble sempre foi ponto imprescindível. É como o Starbucks. São assim dois pontos geográficos que parecem ter à porta um fantasma que me agarra, me puxa para dentro e me reabastece de vida. Agora .. imaginem o que será andar a navegar na Barnes&Noble online e deparar com uma coisa assim ...

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

livros ...


Recebo das mãos do autor, Ronald Reng, o seu livro ' ROBERT ENKE , Uma vida curta demais '.
Depois de uma troca de palavras, ofereci-lhe o Manolo.
Que goste tanto da minha história, como SEI que irei gostar das suas palavras em torno da vida de um Atleta que nunca esquecerei.
Obrigado Ronald Reng.
Obrigado Robert Enke.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Quo vadis, Manolo?

A revista, trazida e deixada pelo carteiro, adormeceu numa sesta sem hora de acordar, destino de tanta da literatura que chegava enclausurada em envelopes repetidos e iguais, tão repetidos e tão iguais quanto o eram as manhãs, as tardes e as noites por Cousa Vã. Num bambúrrio improvável, a funcionária da Junta, em hora de necessidade fisiológica de
ocupação mais demorada, ajeitou-a por baixo do braço e tomou-a por companhia para o solitário momento da expulsão contemplativa. De lá, do recôndito espaço reservado a tais íntimas necessidades, surgiu o grito de espanto, deixando num frenesim o pequeno pelotão de funcionários administrativos da terra. Já de cuecas para cima e de saia para baixo, saiu a secretária numa rajada de informação:
' Estamos nas bancas, estamos na Mais Alentejo, estamos na corrida .... ai .. o presidente tem de saber isto. E já! '
Em menos de três tempos, chegava à tasca a notícia, brindava-se com taças de branco, faziam-se planos para gritar a causa e apoiar a vitória. Pela terra tudo, tinha de ser. E um autocarro, talvez mais até, os levaria à capital da província, em romaria de justa confraternização. Coma imagem da santa da terra, claro está!
Nessa noite, Tonho lembrou uns quantos amigos, com quem privava e ziguezagueava nos dias em que os seus afazeres o levavam a Évora. Sentiu um pequeno arrepio, anteviu a coisa e não evitou agradecer a Manolo.
Tina, chegada de uma tarde que lhe refreara a sofreguidão que a acalorava e atormentava à vista do género masculino, de pronto correu a reforçar seu repertório de roupinha interior e lubrificantes, que a coisa prometia para bom. Para dentro de si, não deixou de agradecer a Manolo.
Arnaldo, sabida e lida a notícia, de imediato percebeu as possibilidades da coisa. Cidade grande era sinónimo de vasta clientela, por certo que meia dúzia de negociatas de rápido retorno resultariam de semelhante acontecimento. Trataria, no dia seguinte mesmo, de estudar a expansão empresarial que o destino lhe entregava no colo. Pensou em Manolo e, por momentos, não evitou um pensamento de gratidão.
Marília levou algum tempo a perceber que semelhante reboliço nada tinha a ver com festas na terra, com devoções ou outras romarias. Levou ainda mais tempo para decifrar o que quereria uma cidade tão afastada com uma terra tão pequena. E nunca chegaria a perceber que o mundo grande poderia ter espaço para a infinita pequenez e solidão do seu. Nessa noite, sem dar sequer por isso, pensou em Manolo.
Para Alberto, nascia o dilema. Se por um lado Cousa Vã tinha motivos para festejar, se por outro Évora não era coisa de desdenhar em seus labirintos e influências. Sair de Lisboa e juntar-se a gala e noite daquelas, poderia trazer-lhe, à vista de seus pares na carreira partidária, laivos de pequenez. Aquele degrau na escadaria de vida da sua terra, tornava-se um valente ponto de interrogação em sua cavalgada nos corredores da política. Pelo sim pelo não, abençoou Manolo e sua existência.
Quanto a Idalina, perdida e amarfanhada em seu casulo de pouca higiene, acabaria por dar pela notícia num último instante, ao preparar-se para se limpar depois de uma descarga orgânica valente. O hábito de um olhar rápido às notícias, antes do seu aproveitamento para a higiene anal, fez com que tomasse conhecimento de que a terra era falada e nomeada. Tanto melhor, viajaria com o marido, por certo, e trataria de se lambuzar com a cozinha da noite de festa. Deu por si bendizendo Manolo.

Nessa noite, longe dali, uma árvore vivendo a paz de uma noite sem vento, surpreendia-se com os estranhos desígnios com que os homens e seus deuses encontram pequenos bocados de poesia. Nessa noite, de uma paz sem vento, permitir-se-ia ficar acordada e relembrar os seus quase mil anos por terras de Cousa Vã. E de seu, verdadeiramente seu, Manolo.
Manolo, de tudo tomando conhecimento em tarde de sombra e descanso, onde? - todos sabemos-, sorriu ao pensar que tudo começara na eterna certeza que sempre tivera em sua Maria. E nela pensou ao adormecer!